amores expresos, blog DO MATTOSO

terça-feira, 9 de outubro de 2007

LACUNA INC.



Dois meses depois da volta, achei que era hora de postar alguma coisa por aqui, quem sabe até para dar um fim decente a este blog moribundo. Cheguei ao Brasil e me ofereci quinze dias de quarentena, sem pensar em Cuba, em livro, em nada. Era uma tentativa de deixar as lembranças se assentarem, amadurecer um pouco o olhar sobre minha temporada havanesa. Não funcionou: ainda hoje, as lembranças da viagem formam um corpo estranho dentro da minha cabeça, como se tivessem sido implantadas por um neurocirurgião do futuro. Estou na minha casa, em meio às minhas coisas, cercado por tudo aquilo em que sou capaz de me reconhecer, e pensar em Havana continua sendo tão estranho quanto caminhar por lá.

Foi quando percebi que meu plano não daria certo, ou seja, que eu não conseguiria desenvolver um olhar exatamente maduro sobre a viagem, que percebi que meu romance estava nascendo. O que me aconteceu não importa. A partir de agora, só me interessa o que pode se encaixar na história, o que dentro dela faz sentido e se justifica. Se a memória quiser colaborar, ótimo; senão, acho que meu cérebro não terá problemas em se virar sozinho.

Quer dizer: em termos. Também fica difícil, a essa altura do campeonato, traçar a fronteira entre o que é lembrança e o que não é. Viajar para escrever tem dessas coisas: a gente fica rodando a cidade, as idéias ficam rodando dentro da cabeça e ao final os limites entre o que se viu e o que se imaginou acabam tão tumultuados quanto as águas do Estreito da Flórida - e aí, bem, o melhor a fazer é relaxar e seguir tocando o barco.

Mudando um pouco de assunto, gostaria de avisá-los que no próximo dia 16 lançarei meu primeiro romance, pela editora 34. O convite vai abaixo. Quem quiser aparecer será muito bem-vindo. Até.





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